Sobre ter fé

Ter fé. Este é um tema sobre o qual já queria ter escrito há algum tempo, mas por algum motivo não o fiz, talvez por receio de ser mal interpretada. Acabei recentemente de ler o livro “O Pastor Ferido”, de Austen Ivereigh, oferecido por um grande amigo, ao qual agradeço, desde já. Neste livro vai sendo narrada a jornada do Papa Francisco ao longo do seu pontificado, dando enfâse aos principais desafios da Igreja Católica e à ideia do Papa do que realmente significa ter fé em Jesus Cristo.

E eu confesso, que durante muito tempo, ocultava o facto de ser cristã, e ainda hoje não é um tema que aborde muito com pessoas que não conheço, por saber da tendência para a desconfiança e para ser, muitas vezes, olhada de lado, até por aqueles que se dizem os mais tolerantes. Mas para mim fé, só tem a ver com uma coisa, que é a vontade de ser melhor. De ter mais bondade, de ser melhor pessoa, de querer fazer melhor simplesmente sem passar por cima de ninguém. Com dignidade.

E não pretendo com isto, converter ninguém, aliás faz parte dos valores de Jesus Cristo, aceitar todos por igual, mesmo quem tem ideais diferentes, e é por isso que me guio. E já não tenho vergonha de dizer que sou cristã, porque sei o que a minha fé fez por mim quando precisei. Só acreditar em algo maior, faz-me ter esperança num futuro melhor e que consigo superar os obstáculos que vão surgindo, neste caminho que se vai traçando devagarinho todos os dias.

O Papa Francisco está, a meu ver, a fazer um excelente trabalho a difundir a mensagem de Jesus Cristo, e só posso sentir uma profunda admiração. E eu sei porque é que as crenças são por vezes tão desvalorizadas. Há muita gente que se diz seguidora de Deus e de Jesus Cristo, que acaba por fazer juízos de valor a quem não merece, e por não ter humildade suficiente para reconhecer os próprios erros, acabando por culpar todos à sua volta. Mas a mensagem de Jesus Cristo não tem nada a ver com desdém, muito pelo contrário. Jesus Cristo sentiu o ódio na pele como ninguém, e nem por isso deixou de ser generoso, nem por isso se tornou vingativo. Simplesmente tinha compaixão e esperança num mundo melhor.

E isto é para mim o que significa ter fé, resume-se numa palavra: bondade. É ter compaixão por mim própria e pelos outros que dentro de si não encontram a paz. Não desejar o mal. E ter compaixão por mim, significa ter humildade para reconhecer os meus erros, e esforçar-me por ser melhor, não olhando com desprezo para o caminho de outros, que também passam pelas suas dificuldades, das quais eu por vezes quais nada sei. No fundo o que interessa não é a religião em si, nem em que acreditamos ou não. O importante é conseguir respeitar o outro nas suas diferenças, vendo nos seus erros, as nossas próprias falhas. Ter compaixão, é o primeiro caminho para a mudança.

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