Nunca fui como os outros

Apanhei este poema da Florbela Espanca noutro dia e fiquei com ele na cabeça, e por isso decidi escrever sobre ele. Florbela Espanca é uma das mais reconhecidas poetisas que Portugal já teve, disso ninguém tem dúvidas. Mas neste texto vou abordar a minha própria perceção deste poema e como o interpreto. Também eu tive fases da minha vida em que me senti à parte e sinceramente penso que todos nos sentimos esquisitos de vez em quando e diferentes dos demais. Mas são essas diferenças que nos tornam pessoas únicas.

O não ser igual aos outros, não pensar da mesma maneira, por vezes é olhado com desconfiança, mas não tem que ser uma coisa má. O ser humano é um ser racional, precisamente por isso, pela habilidade que tem de racionar. E às vezes racionar implica pensar diferente, uma vez que nenhuma situação é igual e às vezes o que funciona para outra pessoa pode não funcionar para mim.

Às vezes o à vontade em mostrar a diferença pode levar a que se percam amigos pelo caminho, mas de uma coisa eu tenho a certeza. Os que tiverem que ficar ficam sempre e vão gostar da autenticidade. Não vão esperar outra coisa se não que eu seja eu própria. E mesmo que se percam amigos e ainda que custe muito, é melhor do que disfarçar emoções.

Aos pais principalmente eu entendo a vontade de demonstrar o nosso melhor e em sentir orgulho que há orgulho do outro lado. E nem sempre é fácil. Às vezes não é fácil ser filho, não é fácil ser pai, não é fácil ser mãe. Não há respostas certas, é um caminho que se vai fazendo com muitos altos e baixos e com a secreta esperança de chegar a bom porto.

Para amar alguém realmente, é preciso amar minimamente a nossa essência, ter alguma fé em nós próprios para poder ter fé nos outros. Amar-nos é estar lá para nos momentos de tristeza quando mais ninguém está. É abraçar essa tristeza e transformá-la em algo melhor e rezar para que da escuridão despertem os mais bonitos raios de sol. E perceber que a nossa própria companhia também é fundamental às vezes, ter conforto sozinhos. Aliás, a descoberta interior pode muitas vezes advir da solidão.

Nem sempre estamos rodeados de quem mais gostamos, às vezes as pessoas de quem mais gostamos estão longe, por qualquer motivo. E a solidão torna-se a única companhia. Quando conseguimos ser felizes sozinhos, não fazemos depender a nossa alegria de ninguém. Os amores da nossa vida são um bónus. Quando a nossa felicidade não depende de ninguém somos livres. Não quero com isto dizer que a companhia de outras pessoas não é importante, porque é bastante.

Uma vez que já estou a dispersar bastante, o objetivo deste texto é só este: ninguém é tão diferente nem tão estranho como pensa que é, somo todos estranhos, cada um à sua maneira. O que é preciso, e não é fácil, é aceitar essas imperfeições e só porque as coisas podiam ser diferentes, não quer dizer que fossem melhores. As coisas são como são. Podemos aceitá-las, podemos melhorá-las. Se não as pudermos mudar, que consigamos viver com elas. Ninguém é igual a ninguém.


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