Coreia do Norte Vs Coreia do Sul
Tal como já aconteceu anteriormente em outras divisões
geopolíticas no mundo, a razão da divisão da Coreia em Coreia do Norte e Coreia do
Sul, está essencialmente relacionada com guerra. A Guerra da Coreia passou-se
entre 1950 e 1953, mas a razão da divisão não está totalmente relacionada com o
conflito entre as duas partes, estando sim mais diretamente relacionada com a
Guerra Fria. Este conflito
armado fez parte de uma “proxy war” entre os Estados Unidos da América e a
recém criada República Popular da China que contava com o apoio diplomático da União
Soviética. A própria formação dos governos distintos da península coreana
começou logo no fim da II Guerra Mundial.
O Império Japonês entregou-se no final da II
Guerra Mundial, sendo um dos seus compromissos abdicar dos seus territórios
coloniais, o que levou à assinatura da Declaração de Potsdam. Sendo um dos territórios coloniais, desde
1910, a península coreana, e sob ordem da recém estabelecida Nações Unidas,
esta foi dividida em duas partes, sendo a região do Norte controlada por um
governo estabelecido pela União Soviética e a região do Sul influenciada pelos Estados
Unidos da América, com o objetivo de unir ambas as partes no fim de um
determinado período de tempo.
As Nações Unidas marcaram eleições nas duas partes da
Coreia, de modo a serem justos e democráticos e na Coreia do Sul foi eleito
Syngman Rhee. Enquanto isso, na Coreia de Norte, a União Soviética não queria
eleições livres e o comunismo reinava sob a liderança de Kim II-sung, avô do
atual líder King Jong-un. Kim II-sung tinha o desejo de dominar toda a
península coreana, e com o auxilio em termos de equipamentos militares por
parte da República Popular da China e da União Soviética, preparava-se para
invadir a Coreia do Sul.
Em 1950, após a aprovação da União Soviética que era liderada por Joseph Stalin, a Coreia do Norte
invadiu a Coreia do Sul. Joseph Stalin, não esperava que os Estados Unidos da
América interviessem porque estes já tinham retirado as suas tropas há algum
tempo e não tinham intervindo quando a República Popular da China ganhou a
Guerra Civil da China em 1949. O Conselho de Segurança da ONU votou em
unanimidade que uma interferência na Coreia tinha que ser feita e a União
Soviética como membro permanente tinha o direito de veto, mas não esteve
presente nessa decisão. Isto
deveu-se ao facto de a República Popular
da China, apesar de ter ganho a Guerra Civil, apenas tinha controlo sobre
Taiwan, e não sobre o território total chinês e por isso a China ainda tinha
assento permanente o que irritou a União Soviética que passou a boicotar todos
as reuniões do Conselho de Segurança. As Nações
Unidas intervieram em proteção da Coreia do Sul, apesar de a maioria do
equipamento ser fornecido pelos Estados Unidos da América, sendo as tropas
americanas lideradas pelo general Douglas MacArthur.
Joseph Stalin, por seu lado assegurou ajuda à Coreia do
Norte, mas queria que as tropas soviéticas não servissem de arma direta contra
os Estados Unidos da América, isto porque na altura tanto os Estados Unidos da
América como a União Soviética eram considerados os dois países mais poderosos
do mundo e se os dois se envolvessem numa guerra direta as consequências seriam
catastróficas, daí a Guerra Fria, repleta de “proxy-wars”. Além disso, ambas as
potências possuíam armas nucleares, e os Estados Unidos da América já
anteriormente tinham testado uma bomba nuclear no Japão, em 1945, em Hiroshima
e Nagasaki, e após isto a União Soviética começou cada vez mais a fazer evoluir
as suas armas nucleares. Por isso mesmo, um conflito direto poderia levar a uma
III Guerra Mundial, e esta traria consequências catastróficas para o mundo
inteiro. Porém a República Popular da China, ao dar conta do avanço das forças
americanas, retaliou contra estas, tornando a guerra num “stand still” militar.
Em 1953, as duas
Coreias assinaram um acordo de modo a criarem uma fronteira entre as duas,
sendo esta fortemente militarizada. Em 1991, ambas entraram para as Nações
Unidas. As diferenças entre si são enormes, tendo praticamente só o nome Coreia
em comum. Um exemplo disso é a Coreia do Sul ter um mercado capitalista livre
enquanto que Coreia do Norte é marcada pelo totalitarismo.
Com o fim da Guerra Fria,
e com o consequente colapso da “cortina de ferro”, vários países incluindo a
Alemanha, viram a sua reunificação acontecer, embora as suas diferenças
políticas e económicas, sejam ainda evidentes. A Coreia do Sul e a Coreia do
Norte podem seguir o exemplo, e apesar de a reunificação não ser vista como
algo provável. O recente aperto de mão entre King Jong-un e Moon Jae-in,
líderes da Coreia do Sul e da Coreia do Norte apesar de também bastante
improvável aconteceu, e isso pode significar um pequeno passo em frente, mas
apenas o tempo dirá se as feridas cicatrizarão ou se permanecerão abertas.
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