Etiópia: próxima grande potência africana?


A Etiópia tem como nome oficial a República Democrática Federal da Etiópia, sendo um dos países com mais população do continente africano. É um país que ficou bastante conhecido devida à situação de miséria, guerra e de extrema pobreza vivida ao longo dos anos.

Mas, apesar do ainda cenário de grande pobreza, na última década temos assistido à ascensão económica da Etiópia, não só em África, mas no mundo. A Etiópia tem até sido uma parceira dos Estados Unidos da América na luta contra o terrorismo. A Etiópia está neste momento aos olhos de muitos a caminhar para ser uma futura potência africana.

A Etiópia é um país que já esteve no meio de vários momentos de tensão, nomeadamente com a Eritreia (antes e depois da independência desta, ganha em 1993), sendo que este ano ambos assinaram uma Declaração de Paz. Ao longo da disputa entre os dois países, existiram vários momentos trágicos  e conflituosos entre 1998 e 2000 que resultaram na morte de milhares de inocentes.

Ao longo da última década, a Etiópia tem mantido uma taxa de crescimento de cerca de 10% por ano e este crescimento tem obviamente consequências sociais, como por exemplo, o aumento da expetativa de vida, o aumento da taxa de escolarização dos trabalhadores, sendo que pobreza, apesar de ainda ser alta, baixou bastante. O investimento em obras públicas com vista ao desenvolvimento ou de modo a facilitar exportações também não tem sido esquecido.

As companhias chinesas têm acompanhado grande parte deste processo sendo também as responsáveis por uma boa parte deste investimento. A China tem sido um aliado comercial para a Etiópia e por isso mesmo uma larga parte do crescimento deve-se precisamente à China, que tem como objetivo tornar a Etiópia numa espécie de fábrica daí os investimentos em indústria e infraestruturas. O aumento dos investimentos estrangeiros igualmente contribuíram para o sucesso deste processo de desenvolvimento e foi assim que a Etiópia se começou a tornar num país industrializado. A indústria que mais se tem vindo a desenvolver é a indústria têxtil.

Ao mesmo tempo que a Etiópia evoluía economicamente, a repressão foi aumentando cada vez mais e a liberdade de expressão foi ficando cada vez mais encolhida. Os media foram bastante limitados no seu discurso, assim como a oposição política. O governo censurava e castigava chegando mesmo a forçar ao exilio de vários jornalistas. Aliás, na Etiópia chegaram a quase não existir jornalistas, mas sim porta-vozes do governo.

Tanta censura levou a que no inicio de 2018 a Etiópia estivesse mergulhada numa onda de violência que ameaçava a estabilidade. E mesmo com a economia a funcionar aparentemente bem, existiam alguns desequilíbrios, tais como, dividas internacionais ou desemprego (principalmente entre os jovens), entre outros. Mas, após estas divergências, a Frente Democrática Revolucionária Popular da Etiópia, que é na prática o único partido, elegeu como primeiro-ministro Abiy Ahmed, em abril de 2018, que em apenas alguns meses fez grandes mudanças. Tomo como exemplo a retirada de vários presos políticos da prisão, o pedido de desculpas por vários abusos por parte do governo, denúncia de antigos oficiais do governos por terrorismo estatal, o acordo de paz com a Eritreia, proposta de alterações na Constituição de modo a estabelecer um limite de mandatos e desmantelamento da censura política, que permitiu a vários jornalistas exilados voltarem ao país de origem. Foi anunciado também que o governo iria apostar na liberalização da economia de modo a atrair mais investimento.

A Etiópia, continua a ser um país com vários problemas políticos, sociais e económicos, mas já não pode ser considerado como o mais miserável do mundo e tem aqui a oportunidade de reduzir ainda mais escassez e a miséria. A ditadura pela qual a Etiópia passou pode ter sido importante para o seu desenvolvimento, mas a longo prazo esse tipo de sistema não traz qualquer beneficio.

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